sábado, 31 de março de 2012

Lição 1 - Apocalipse, a Revelação de Jesus Cristo



Lição 1 - Apocalipse, a Revelação de Jesus Cristo



A REVELAÇÃO


Falar do Apocalipse de João, o apóstolo, faz-nos lembrar na realidade das revelações pretéritas, hodiernas e futuristas da igreja do Senhor, e isso dá um “nó” na nossa mente limitadamente humana, o autor, João, parece exacerbar em um hermetismo cabalístico, mas na realidade em nada João quis ser esotérico e/ou místico, mas que pelo contexto histórico e cultural da igreja, naquela época, forçou-o a usar uma linguagem figurada, como também a utilização de símbolos quase que “indecifráveis”, pois a perseguição ferrenha de Domiciano produzia um sentimento de medo incomensurável, medo não da morte em si, mas da não chegada das informações contidas naquela carta, isso nos faz lembrar o período da ditadura militar no Brasil, onde os pensadores e questionadores de um sistema político “dizimador” da democracia e da liberdade de expressão que, até hoje persiste no meio milico, era indagado e posto em xeque, estes que indagavam eram exilados, expulsos e até mortos, os seus textos, suas cartas, músicas, livros e artigos eram incinerados. O poder assolador de um sistema mais dado e comprometido com os ideais malévolos do Diabo, como o próprio João afirma “Eu sei que vocês moram aí onde está o trono de Satanás”. (Ap. 2.13) Do que com a fidelidade da fé para com Deus.
Revelação, segundo Severino Pedro 2011, é herdada originalmente do latim revelare, usado na tradução da palavra “gãlô” do hebraico e mais exatamente ligado ao termo grego apokalypto que na septuaginta traduz a palavra hebraica já citada. Segundo outros etimólogos a palavra apocalipse e/ou revelação significa descobrir o encoberto, deixar aparecer, revelar, tirar o que estava escuro e mostrar claramente. É uma relação bem interessante que se assemelha materializadamente, com a revelação de fotografias como dantes falei.
Tão revelador que em seu capítulo 1.2, “João contou tudo o que viu” (NTLH), seu interesse era anunciar o mais rápido possível às igrejas tudo o que ocorrera, ocorre e ocorrerá durante a caminhada na igreja na terra, não que Jesus tenha formado uma “igreja” na terra, mas as bases desta foram deixadas para o consolador, o Espírito Santo deveria construi-la, fazê-la através de nós igreja do Senhor, (At 2), e esse processo começa por volta do ano de 28 d.C. (Mas, a perseguição à igreja do Senhor já existia desde esse início).
Nesse primeiro momento da igreja eles não sentiam como se estivessem, ou pertencessem a um novo ramo religioso, pelo contrário, consideravam-se autênticos judeus que haviam recebido e visto cumprir a promessa do meshiac, ou o messias. Não queriam dividir a casa judaica, pelo contrário, queriam uni-los pela promessa cumprida por Deus, agora eles estavam no período messiânico. Por isso, segundo lemos em Atos a primeira pregação não foi com a idéia de se assumir uma nova religião, mas de acreditarem na promessa feita há muito tempo atrás aos seus antepassados, e que deixassem a incredulidade, porque o Prometido de Israel esteve na terra deixando sua mensagem divina morrendo e ressuscitando dentre os mortos.
Mas, para os judeus não cristãos o cristianismo não era uma nova religião, mas uma seita herética oriunda do próprio judaísmo. Por isso, em princípio os seguidores de Jesus não ofereciam qualquer perigo ao judaísmo, até que começaram a espalhar o evangelho pregado por Jesus entre os outros judeus, “perturbando” e “tentando” os bons judeus da época. Foi aí que o cristianismo passa a ser uma grave ameaça. Inicialmente a perseguição judaica aos cristãos não era tão potente, pois as autoridades romanas, muitas vezes intervêm e coloca o problema como doutrina interna da religião, obrigando-os a resolver estes problemas internamente, pois para eles eram todos judeus.
A divisão entre judaísmo e cristianismo só passou a ter destaque quando os judeus organizam uma insurreição liderada pelos fariseus, quando os cristãos que já tinham muitos gentios em seu meio, colocaram-se alheios a tal movimento, mostrando que eles não faziam parte deste tipo de organização “emancipatória”. Sabe-se que esse movimento judaico cresceu e foi destruído no ano 70 d.C. Quando os romanos invadem, destroem o templo de Jerusalém, após alguns dias do sitiamento desta capital. Foi aí que Roma começou a tratar o cristianismo como uma religião a parte do judaísmo. Também notaram que o cristianismo se expandia de forma notadamente destacada com a pregação de um evangelho de igualdade entre os homens.
A perseguição começa
Nero, o louco, como era conhecido foi um imperador notadamente bem visto pela população nos seus primeiros anos de reinado, ou seja, 54 d.C a 60 d.C. provavelmente, pois suas primeiras leis beneficiavam os pobres e a maioria da população que estava sob a tutela do imperador romano, mas isso não duraria muito, em um ato de loucura, como tudo leva a crer, ele maquina incendiar a cidade, sob a égide de reconstrução da cidade a seu gosto, como acusavam alguns. Ao passo do tempo, a população começou a se revoltar, queriam saber realmente quem era o culpado de tanta destruição, queriam justiça.
Durante o incêndio, Nero estava tocando lira, e segundo alguns historiadores cantava sobre a destruição de Troia, mostrando sua sórdida personalidade, um forte desejo maligno de auto-suficiência. Muitos desconfiaram dele, até porque aqueles que se opunham a sua forma de governar eram mortos misteriosamente, ou então recebiam ordem de se suicidarem. Mas, desta vez ele passou dos limites e ficou acuado, não sabia o que fazer, então em uma idéia súbita e após notar que dois dos bairros que não foram incendiados eram compostos basicamente por cristãos (em sua maioria) e judeus. Não pensou duas vezes e noticiou que os culpados do grande incêndio seriam os cristãos, como Tácito, o historiador afirma “Nero fez aparecer como culpados os cristãos, uma gente odiada por todos por suas abominações, e os castigou com mui refinada crueldade”. E essa perseguição durou até o fim do império de Nero no ano de 68 d.C.
Após Nero tivemos alguns imperadores que não empreenderam grandes perseguições aos cristãos, foram eles: Galba (68-69), Oto (69), Vitélio (69), Vespasiano (69-79), Tito (79-81). Após estes apareceu o imperador chamado por João de Satanás, era ele, Domiciano (81-96) com o retorno a uma implacável perseguição que duraria ainda com os próximos imperadores: Nerva (96-98), Trajano (98-117) e Adriano (117-138).
Foi durante o império de Domiciano que João, como apóstolo de Jesus é exilado a Patmos, como um preso político, já idoso e o último entre os apóstolos que ainda estava vivo, o apóstolo das palavras de amor de alto conhecimento teológico passa a escrever o livros das revelações, orientando, exortando, mostrando e profetizando sobre os acontecimentos vindouros, as perseguições, as heresias que queriam entrar de forma sorrateira nas igrejas, e todo o porvir revelado diretamente pelo nosso Senhor.
Apocalipse é e sempre será, enquanto estivermos aqui na terra, um livro controverso, muitos tentam interpretá-lo comparando-o a eventos já ocorridos, outros tentam decifrá-lo a possíveis eventos futuros, outros acham que tudo foi cumprido nos primeiros séculos, mas que na realidade sabemos que ele tem muito a nos ensinar!

Professor Érick Freire

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